Acabaram as férias, já foi o carnaval e fevereiro já está na segunda metade, portanto já podemos iniciar o ano novo brasileiro.
Não é bem assim, pois pelo menos pra mim o ano já começou efetivamente há exatamente um mês quando iniciei minhas atividades como professor em uma das escolas onde trabalho. Mas, mesmo no período de férias o trabalho de professor não cessa, pois é nesse momento que alguns (e estou nessa lista) aproveitam o tempo ocioso para estudar, pesquisar e rever a prática para conseguir melhorar sempre.E mesmo com algumas semanas de trabalho que foram interrompidas bruscamente pelo feriado de carnaval alguns acontecimentos já estão marcando esse ano novo escolar. Comecei bem empolgado e com boas expectativas esse ano, porém o início de um novo ciclo não quer dizer que tudo será diferente. Pensar assim é no mínimo utopia. Por isso, esse momento de reflexão sobre o que espero e o que já aconteceu comigo nos últimos dias se mostrou importante e estou compartilhando com os leitores desse blog.
Lidar com a educação (científica e não comportamental) de crianças e adolescentes é um desafio que somente pessoas fortes e dedicadas conseguem enfrentar e obter sucesso. E educação é uma área que não se assemelha em nada com outras, pois não há receita para o sucesso. Por que não há receita? Observo que ano após ano são poucas as experiências boas que podem ser repetidas com o mesmo êxito do ano anterior e o que dá certo em uma escola, um outro professor ou em outra disciplina pode dar completamente errado quando repetido. O risco de nada dar certo é muito grande, por isso a reflexão sobre a prática é tão importante quanto a própria prática.
Porém, observo que a maior parte dos colegas não pensam dessa forma e continuam a usar por várias vezes o mesmo caderno de planejamento, o mesmo texto e as vezes a mesma notícia de jornal por vários anos. Como consequência desse ato ouço em várias escolas professores dizendo que está cada vez pior dar aulas. Mas, o porquê disso acontecer em grande parte dos casos não é desleixo do professor, mas a jornada de trabalho que esse profissional tem que enfrentar semanalmente para conseguir um salário que seja suficiente para sustentar a si e a sua família. Como exigir empenho, dedicação e constante aperfeiçoamento da prática através de estudos, cursos, pós-graduações de um profissional que tem que trabalhar cerca de sessenta horas por semana sem contar o tempo de planejamentos, preparação e correção de atividades?
Recentemente em uma conversa com um colega de sala de aula observamos que mais da metade dos professores de nossa escola trabalhavam em pelo menos duas escolas e em alguns casos três escolas e que essa realidade não acontece normalmente em outros profissionais de nível superior que precisam dedicar-se apenas a uma empresa, podendo assim realizar um trabalho de melhor qualidade.
Sendo assim, fica o meu questionamento: até quando os profissionais de educação continuarão tendo esse tipo de tratamento no país que tem como lema do governo "Pátria educadora"?
Nenhum comentário:
Postar um comentário