quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Reflexões de início do ano. #VidadeProfessor

Acabaram as férias, já foi o carnaval e fevereiro já está na segunda metade, portanto já podemos iniciar o ano novo brasileiro.

Não é bem assim, pois pelo menos pra mim o ano já começou efetivamente há exatamente um mês quando iniciei minhas atividades como professor em uma das escolas onde trabalho. Mas, mesmo no período de férias o trabalho de professor não cessa, pois é nesse momento que alguns (e estou nessa lista) aproveitam o tempo ocioso para estudar, pesquisar e rever a prática para conseguir melhorar sempre.
E mesmo com algumas semanas de trabalho que foram interrompidas bruscamente pelo feriado de carnaval alguns acontecimentos já estão marcando esse ano novo escolar. Comecei bem empolgado e com boas expectativas esse ano, porém o início de um novo ciclo não quer dizer que tudo será diferente. Pensar assim é no mínimo utopia. Por isso, esse momento de reflexão sobre o que espero e o que já aconteceu comigo nos últimos dias se mostrou importante e estou compartilhando com os leitores desse blog.
Lidar com a educação (científica e não comportamental) de crianças e adolescentes é um desafio que somente pessoas fortes e dedicadas conseguem enfrentar e obter sucesso. E educação é uma área que não se assemelha em nada com outras, pois não há receita para o sucesso. Por que não há receita? Observo que ano após ano são poucas as experiências boas que podem ser repetidas com o mesmo êxito do ano anterior e o que dá certo em uma escola, um outro professor ou em outra disciplina pode dar completamente errado quando repetido. O risco de nada dar certo é muito grande, por isso a reflexão sobre a prática é tão importante quanto a própria prática.
Porém, observo que a maior parte dos colegas não pensam dessa forma e continuam a usar por várias vezes o mesmo caderno de planejamento, o mesmo texto e as vezes a mesma notícia de jornal por vários anos. Como consequência desse ato ouço em várias escolas professores dizendo que está cada vez pior dar aulas. Mas, o porquê disso acontecer em grande parte dos casos não é desleixo do professor, mas a jornada de trabalho que esse profissional tem que enfrentar semanalmente para conseguir um salário que seja suficiente para sustentar a si e a sua família. Como exigir empenho, dedicação e constante aperfeiçoamento da prática através de estudos, cursos, pós-graduações de um profissional que tem que trabalhar cerca de sessenta horas por semana sem contar o tempo de planejamentos, preparação e correção de atividades?
Recentemente em uma conversa com um colega de sala de aula observamos que mais da metade dos professores de nossa escola trabalhavam em pelo menos duas escolas e em alguns casos três escolas e que essa realidade não acontece normalmente em outros profissionais de nível superior que precisam dedicar-se apenas a uma empresa, podendo assim realizar um trabalho de melhor qualidade.
Sendo assim, fica o meu questionamento: até quando os profissionais de educação continuarão tendo esse tipo de tratamento no país que tem como lema do governo "Pátria educadora"?

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