quarta-feira, 24 de abril de 2013

Muitas perguntas e poucas respostas.


Qual o pior sentimento que o homem pode sentir? Não sei, mas o de incapacidade de realizar o seu trabalho é cruel. Nada pior para um professor do que chegar para dar aulas e não conseguir, pois os alunos não querem aprender, não reconhecem o valor do seu trabalho e não sabem a importância da aprendizagem e do conhecimento. Há certos momentos que realmente não sei o que fazer para controlar a indisciplina e estimular meus alunos. O pior é saber que esse aluno vai sair da escola (porque o sistema vai aprovar ele) sem saber nada e quando (se) descobrir que perdeu tempo não se importando com a escola será tarde demais. Existem alunos por razões diversas que criam barreiras que impedem qualquer tentativa de realizarmos um bom trabalho.
Hoje foi mais um daqueles dias árduos em uma escola na periferia da cidade, onde alunos de treze anos não conhecem limites, respeito, educação (no sentido comportamental) e nem sei mais o que. Mas, como não me acomodo e sempre busco realizar um trabalho de qualidade saio da sala de aula com a sensação de impotência perante as dificuldades. Porém, apesar dessa sensação não me abato pelo fato de saber que não é culpa minha, mas de uma série de fatores. Aí, eu gostaria de encontrar aqueles “educadores” teóricos que não saem do silêncio de suas salas confortáveis, onde passam a vida escrevendo sobre educação, mas nunca entraram em uma escola pública para dar aula em uma sala com trinta pré-adolescentes de classe média baixa sem a menor consciência sobre nada. Mas, porque essa falta de “consciência”? Deterioração da família, inversão de valores, subjugação do ensino... Não sei ao certo. O que sei é que não sei o que fazer e nem como começar. Escrever teorias milagrosas sentado numa sala dentro de uma universidade é muito fácil. Difícil é encarar a realidade com a falta de recursos materiais e imateriais.
Isso pode até soar como um desabafo, porém, na verdade é uma crítica aos teóricos educacionais engomadinhos que ficam querendo ensinar professores a fazerem seu trabalho sem a menor noção da (verdadeira) prática pedagógica. Também é uma crítica aos pais incompetentes que pensam -?- que educar seus filhos é simplesmente matriculá-los na escola e depois disso praticamente deixam de serem pais e mães dando essa responsabilidade para a escola. Também é uma crítica a esse sistema educacional falido e retrógrado que se diz acolhedor na busca da inclusão de todos na educação, mas que nessa “inclusão” de todos ao ensino na verdade está excluindo. Sim, a escola pública exclui seus alunos. Exclui os alunos do mundo do conhecimento, do mundo acadêmico, do pensamento crítico, etc.. Daí fica fácil perceber porque raramente um ex-aluno de escola pública ocupa uma vaga nas grandes universidades públicas do país. É tão raro isso (aluno de escola pública em federais) que quando ocorre sai no jornal. Será que ninguém está vendo isso? Até quando a escola vai ser depósito de crianças? Até quando teremos somente políticas educacionais superficiais? As cotas nas universidades por exemplo é uma dessas políticas ridículas e que poucos enxergam. É mais fácil criar cotas para o aluno de escola pública do que melhorar a qualidade do ensino para o aluno da escola pública competir de igual para igual com o aluno da escola particular. O aluno que entra por cotas, muitas vezes teve um ensino defasado e não vai conseguir permanecer na universidade por muito tempo.
Vamos pensar?

Um comentário:

  1. Isso realmente é revoltante,mas é a realidade que vivo(estudo em escola pública),a maioria das vezes somos prejudicados por alguns empecilhos que não querem nada com nada, se eles não pensam em ter um futuro maravilhoso ao menos tinha que ter a consciência de que existe pessoas ao seu redor que querem,que sonham em passar uma universidade,que passa horas por dia estudando para que lá na frente possa ver algum resultado.
    O problema é que não são todos que param pra refletir,é por isso não vão para frente.

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