quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A População na Revolução Industrial (Geo. da população)

A revolução Industrial deve ser entendida como a generalização das formas de produzir, pesar e agir e abrange a modernização de todos os setores da sociedade. Trata-se de um lado, das transformações econômicas resultantes da expansão do capitalismo e do outro das transformações políticas provocadas pela ascensão ao poder das classes burguesas. Deve-se lembrar ainda, as transformações sociais (definição de novas classes sociais) e culturais (novos modelos de comunicação) – paralelamente a essas modificações desenvolve-se a “transição demográfica” que duraram várias décadas. Quer dizer a passagem de uma situação de altas taxas de natalidade, fecundidade e mortalidade para baixas taxas.
Essa transição, nos países atualmente mais desenvolvidos, coincidiu cronologicamente com a intensificação dos processos de industrialização e de urbanização e também, com as importantes modificações no plano político e no campo cultural. O intervalo entre as duas situações demográficas mencionadas caracterizou-se por uma intensificação do crescimento populacional. Isto ocorreu graças à queda das taxas de mortalidade, mantendo-se elevada a natalidade/fecundidade.
Tomando-se como exemplo clássico a Inglaterra, mas podendo generalizar para outros países desenvolvidos, guardadas as especificidades, observa-se que a burguesia apresentava três grandes segmentos: agrária, comercial e industrial, essas duas ultimas com interesses semelhantes. A burguesia agrária tem o poder político. A burguesia urbana (comercial e industrial) tem o poder econômico. Quem tem o poder econômico deseja o político, para poder garantir e ampliar o poder econômico.
Estabelece-se, assim, um conflito ideológico. O que a burguesia agrária deseja é deter o avanço do liberalismo econômico (que está arruinando, devido à concorrência com a produção externa), doutrina sustentada pela burguesia urbana.
Como a base econômica da burguesia urbana era a exploração da crescente mão-de-obra assalariada, um representante da burguesia agrária – Thomas Malthus – passa a criticar a expansão populacional para, assim, atacar a sustentação da burguesia urbana.
Assustado e preocupado diante da crescente proletarização da sociedade inglesa, Malthus defendeu a tese de que a pobreza era natural e que as reformas sociais serviriam apenas para incentivar o desenfreado crescimento da população pobre. Era necessário reduzir o ritmo de crescimento da população através do controle da natalidade.
Para isso Malthus, propôs o casamento tardio, sempre pensando em diminuir a pobreza ao diminuir o número de pobres. Dizia que a reprodução natural da população se dava numa progressão geométrica enquanto os meios de produção cresciam em progressão aritmética, o que, ao fim de pouco tempo, acarretaria a falta de alimentos para todos.
É claro que malthus não poderia prever que o desenvolvimento técnico – cientifico ao longo do século XIX mostraria que suas previsões pessimistas não se confirmariam. As novas tecnologias agrícolas levaram a uma maior produtividade do solo. Por outro lado, o desenvolvimento econômico pelo qual passou a sociedade inglesa (e logo o resto da Europa) conduziu a um declínio do crescimento demográfico.
            Não devemos nos esquecer que tudo isto acontecia na virada do século XVIII para o XIX, poucos anos após a Revolução Francesa cujas idéias se difundiram entre o proletariado das cidades inglesas. Com medo de que ocorresse na Inglaterra o que havia acontecido na França, as idéias de Malthus acabaram rapidamente sendo incorporadas à ideologia conservadora das classes dominantes. Se a burguesia tinha medo do crescimento da população, por outro lado, necessitava desse crescimento.
            Já por volta de 1830, está claro para a burguesia urbana que ter muita população é vantajoso (mão-de-obra e mercado) e com a exploração do trabalho e as precárias condições de vida se mantinham inalteradas, dois movimentos começaram a se definir. O primeiro por parte dos trabalhadores que, organizados em sindicatos, começaram a reclamar melhores salários e melhores condições de trabalho. Em 1833, na Inglaterra, estabeleceram-se as primeiras leis sociais e, nos EUA, em 1832, houve uma série de greves gerais reivindicando os “3 oito” – oito horas de trabalho, oito horas de estudo ou lazer e oito horas de repouso – direito só generalizado um século mais tarde, depois de muitas lutas como as rebeliões operárias que ocorreram em 1848 por toda a Europa e outras posteriores.
            O segundo movimento foi do Estado (dominado pela burguesia industrial) que passou a fixar normas para a exploração dos trabalhadores, como por exemplo: a idade de 13 anos para começar a trabalhar, a duração da jornada de trabalho, alguns direitos especiais à mulher-trabalhadora-mãe. O Estado passa a participar, cada vez mais da reprodução dos trabalhadores e, gradativamente, ao longo de um século vão sendo concedidas pensões, aposentadorias, salário-família, salário-desemprego, além de serviços gratuitos, principalmente no campo da educação, saúde e saneamento. É bom lembrar que grande parte dos recursos para estes benefícios sai do próprio trabalhador através dos impostos que paga.
            Em meados do século XIX, Karl Marx desponta como um dos maiores contribuintes ao debate econômico-demográfico. Com suas obras escritas.
            Marx denuncia a forma como se dá a exploração do trabalho no capitalismo. Demonstra que, sem que o operário se dê conta, o seu tempo de trabalho é dividido. Na primeira parte produz o valor investido pelo capitalista, na segunda produz um excedente. Na primeira parte produz o equivalente ao salário de sua subsistência. Na segunda um lucro para o capitalista.
            Denuncia ainda que o capitalismo mantém os salários baixos e muitas vezes, no mínimo, graças a existência do exercito industrial de reserva (a massa de trabalhadores desempregados) que é ampliado ou reduzido de acordo com a conjuntura do desenvolvimento capitalista. Somente se o exército industrial de reserva for suficientemente grande, é que o capitalismo tem possibilidade de controlar as pretensões salariais dos trabalhadores e de manter a mais-valia no nível desejado pela continuidade do processo de acumulação. O crescimento do processo de reserva depende, fundamentalmente da atuação de fatores econômicos, como a ocorrência de crises ou como a modernização da agricultura.
            Marx acha que a economia é quem deve adaptar-se às necessidades da população e não ao contrario, como defendem os partidários do controle do crescimento demográfico.
            Num contexto de lutas e de organização crescente, a classe operária, ao longo da segunda metade do século XIX, foi conquistando o direito de manter em casa a mulher e os filhos, o que significou melhoria dos salários e das condições de vida. Forjava-se aí a ampliação e o fortalecimento da classe-média.
            A mortalidade já vinha se reduzindo há décadas e agora com a elevação do custo de formação do individuo, ocorre uma redução da natalidade e uma diminuição do crescimento vegetativo.
            Em conseqüências da elevação dos salários a burguesia capitalista, para não ter seus lucros diminuídos, procura alternativas.

            Essa situação econômico-demográfica manteve-se, sem grandes alterações, ao longo do século XX. Como a natalidade foi se reduzindo cada vez mais, evidenciou-se um crescente envelhecimento da população nos países desenvolvidos, com conseqüente redução da mão-de-obra e encarecimento desta. Para manter as taxas de lucro, esses países passaram a importar trabalhadores estrangeiros e a exportar capitais e indústrias para os países subdesenvolvidos. Busca-se com isto, manter sob controle os salários sem criar atritos com o forte movimento sindical.

Nenhum comentário:

Postar um comentário