Estudo realizado pelo hospital Sheba Medical Center, em Israel, e publicado na mais recente edição da revista especializada em drogas "Addiction" associou o uso do cigarro com um QI mais baixo entre militares de 18 anos (bit.ly/d7I2me).
O QI é uma medida utilizada para avaliar inteligência e capacidade de abstração. O estudo foi feito com 20 mil recrutas. Dentro do grupo pesquisado, 28% fumavam pelo menos um cigarro por dia e 3% eram ex-fumantes. Outros 68% nunca tinham fumado.
A média de QI entre os não-fumantes foi de 101 pontos. Já entre os que começaram a fumar antes de entrarem no Exército a média ficou em 94 pontos.
A pesquisa mostrou que quem fumava mais tinha um QI mais baixo do que quem fumava menos. Entre os fumantes, o QI diminuía proporcionalmente ao número de cigarros consumidos por dia -de 98 pontos entre os que fumavam apenas um cigarro para 90 entre os que fumavam mais de um pacote diário.
A diferença de QI entre fumantes e não-fumantes se manteve mesmo após os cientistas fazerem ajustes baseados em dados socioeconômicos, como os anos de educação formal completados pelo pai do voluntário.
A pesquisa também mostra que, entre os filhos de uma mesma família, os fumantes tendem a ter um QI mais baixo do que seus irmãos que nunca fumaram.
Não é o primeiro estudo que associa QI baixo a um maior risco de fumar. A questão é: o cigarro é que altera as capacidades cognitivas da pessoa (raciocínio, abstração, memória etc.) ou quem já tem QI mais baixo é que busca um suporte adicional no cigarro?
Em estudos recentes com grandes amostras de alunos do ensino médio que temos feito aqui no Brasil, houve uma relação importante entre uso de cigarro e pior desempenho na escola, além de mais faltas.
Dado que a maior parte dos fumantes começa a fumar ainda na adolescência, muitos deles antes dos 15 anos, fica no ar a pergunta: qual é o impacto que esse tipo de hábito poderia ter no desempenho dos jovens?
Isso sem contar todos os danos que o cigarro pode trazer à saúde! O estudo israelense chega a sugerir que jovens com QI mais baixo poderiam ter algum tipo de suporte para evitar o maior risco de fumarem no futuro.
Jairo Bouer
Folha de São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010
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